<em>Parque Mayer - Intermezzo Giocoso</em>
-- Senhor Presidente, aqui está o arquitecto que vai fazer calar Portugal em geral e Lisboa em particular.
Os seus projectos têm fortes poderes cegantes. Olha-se para eles e fica-se paralisado de estupor. PDM's, planos de urbanização, planos de pormenor, morfologias urbanas, impactos ambientais e outras tralhas mais, ardem no fulgor criativo deste superstar-arquitecto. Com ele um projecto começa no Parque Mayer e se o senhor presidente quiser vai por ali fora, Praça da Alegria, Jardim Botânico, Avenida da Liberdade, e ninguém vai ter coragem para falar, só uns murmúrios que nunca terão tempo de se estruturarem, ele é muito rápido de ideias. É só uma questão de maravedis e enquanto o senhor presidente tiver dinheiro é sempre a avançar.
--Ó Napoleona, é disso mesmo que eu estava a precisar. Explicaste o que eu quero?
--Já sim senhor!!! O que vocês querem é magia!!!
--Extraordinário!!! O arquitecto Mandrake é mesmo esperto!!! Mas se já sabe que o que queremos é magia, fica a saber que quero uma magia muito especial porque para as outras magias estou cá eu!
--Ó Presidente Houdini você é mesmo assim bom?
--Nem queira saber! Um trio de violoncelo, violino e piano toca Chopin e eu transformo logo isso num concerto. Digo mal, não em um mas nos concertos de violino de Chopin. Falam-me do Ulisses de um irlandês de que não lembro o nome e eu traço logo um mapa das viagens pelos bares de Dublin desse grego que se perdeu no mediterrâneo, e disso e desses perigos com sereias sei eu com a minha experiência em cruzeiros. Oferecem-me um livro de um escritor, envio-lhe um cartão de agradecimento. Os meus detractores dizem que ele morreu já lá vão uns anos mas eu, que nem sequer sabia que ele existia, presumo que como o cartão ainda não me foi devolvido é porque ele o recebeu mesmo. Se calhar até ressuscitou de espanto, para grande raiva da má língua nacional.
Aqui em Lisboa, quando me candidatei, anunciei obras a esmo. Só agora vou começar uma. Quando me falam delas atiro, pró povo ver, cartazes para as ruas e resmas de papel com aquilo que é a rotina da câmara há dezenas de anos. Com a barulheira que faço e com o ar convencido com que apareço nas Caras, Luxes e companhias, a malta esquece o que foi prometido e não foi feito. Ao lançar tanta fogachada até parece que estou sempre a transpirar com tanto trabalho. Eu transpiro mas é nos desfiles de moda.
É só magia!!!
Até agora só tive um azar: enchi Lisboa de cartazes a mostrar como a Câmara despachava processos: antigamente, uma ronceirice a preto e branco, agora comigo é tudo a cores, raparigas simpáticas e despachadas, papéis a andarem como bólides da fórmula um. Toda a gente via que era assim. Até transformei quinhentos processos em cinco mil e toda a gente estava a acreditar, não fosse um malvado comunista estragar-me o negócio. Como eu desejei ter o Jardim aqui na Câmara a limpá-la desses gajos e a proclamar, da varanda dos paços do concelho, a 4ª república, a das bananas da madeira.
Mas não é um pequeno percalço que me trava. Continuo a fazer magias e das boas!!!
Consigo convencer as pessoas que o que digo é mesmo importante. Tenho uns gajos a fazerem recortes de jornais para eu ler nos comentários que faço, ele é política, ele é bola, ele é vida social, encharco os jornais e a televisão das maiores banalidades, veja lá até eu sei que são banalidades, mas ninguém percebe porque apronto um ar muito sério, a bancar ao inteligente e escutam-me como se estivesse a dizer grandes coisas. Sem dizer nada de sustância e sem pagar um tusto faço grande propaganda a mim próprio nas melhores páginas dos jornais e nos melhores horários da televisão.
Diga lá se isto não é magia!!!
Magia também extraordinária é ainda outra. Olhe lá para o meu alçado principal!! Vê alguma coisa de jeito? Eu também não! mas com a ajuda de uns amigalhaços jornalistas do social e mais uns tantos especialistas do marquetingue que pago nem sei como, fabriquei a imagem de ser irresistível para as mulheres e elas acreditam. Todas as manhãs quando olho para o espelho até me apetece desistir, mas lembro-me dos meus melhores mestres dates carnegies e grito que nem um tarzan: glória aos feios! és o maior!. Treino um ar matador xupa-kabras enquanto ponho gel no cabelo e dá mesmo resultado neste Portugal de telenovelas, bigs brothers, operações triunfo, ídolos, perfeitamente anormais, drs freudes e misteres hydes, casos moderna, estádios de futebol e portas etecetera e tal. A chico esperteza é que dá lugares, dividendos e votos, o resto é paisagem.
Acredite em mim que estou a abrir caminho para ser presidente da república com todas estas malas-artes. Arquitecto Mandrake para magia tem de se haver comigo.
--Presidente Houdini passe para cá, só pró estudo prévio, 200 milenas sem magias e vou já para Los Angeles amarrotar papel maché e vai ver a obra que daqui vai sair. Um deslumbramento digno de si e das santanetas.
--Ó homem por quem é! Julga que as alterações e as suspensões que ando a tentar fazer ao PDM, desde o princípio do meu mandato, são para quê? As magias são para os outros, está a perceber!!!
Os seus projectos têm fortes poderes cegantes. Olha-se para eles e fica-se paralisado de estupor. PDM's, planos de urbanização, planos de pormenor, morfologias urbanas, impactos ambientais e outras tralhas mais, ardem no fulgor criativo deste superstar-arquitecto. Com ele um projecto começa no Parque Mayer e se o senhor presidente quiser vai por ali fora, Praça da Alegria, Jardim Botânico, Avenida da Liberdade, e ninguém vai ter coragem para falar, só uns murmúrios que nunca terão tempo de se estruturarem, ele é muito rápido de ideias. É só uma questão de maravedis e enquanto o senhor presidente tiver dinheiro é sempre a avançar.
--Ó Napoleona, é disso mesmo que eu estava a precisar. Explicaste o que eu quero?
--Já sim senhor!!! O que vocês querem é magia!!!
--Extraordinário!!! O arquitecto Mandrake é mesmo esperto!!! Mas se já sabe que o que queremos é magia, fica a saber que quero uma magia muito especial porque para as outras magias estou cá eu!
--Ó Presidente Houdini você é mesmo assim bom?
--Nem queira saber! Um trio de violoncelo, violino e piano toca Chopin e eu transformo logo isso num concerto. Digo mal, não em um mas nos concertos de violino de Chopin. Falam-me do Ulisses de um irlandês de que não lembro o nome e eu traço logo um mapa das viagens pelos bares de Dublin desse grego que se perdeu no mediterrâneo, e disso e desses perigos com sereias sei eu com a minha experiência em cruzeiros. Oferecem-me um livro de um escritor, envio-lhe um cartão de agradecimento. Os meus detractores dizem que ele morreu já lá vão uns anos mas eu, que nem sequer sabia que ele existia, presumo que como o cartão ainda não me foi devolvido é porque ele o recebeu mesmo. Se calhar até ressuscitou de espanto, para grande raiva da má língua nacional.
Aqui em Lisboa, quando me candidatei, anunciei obras a esmo. Só agora vou começar uma. Quando me falam delas atiro, pró povo ver, cartazes para as ruas e resmas de papel com aquilo que é a rotina da câmara há dezenas de anos. Com a barulheira que faço e com o ar convencido com que apareço nas Caras, Luxes e companhias, a malta esquece o que foi prometido e não foi feito. Ao lançar tanta fogachada até parece que estou sempre a transpirar com tanto trabalho. Eu transpiro mas é nos desfiles de moda.
É só magia!!!
Até agora só tive um azar: enchi Lisboa de cartazes a mostrar como a Câmara despachava processos: antigamente, uma ronceirice a preto e branco, agora comigo é tudo a cores, raparigas simpáticas e despachadas, papéis a andarem como bólides da fórmula um. Toda a gente via que era assim. Até transformei quinhentos processos em cinco mil e toda a gente estava a acreditar, não fosse um malvado comunista estragar-me o negócio. Como eu desejei ter o Jardim aqui na Câmara a limpá-la desses gajos e a proclamar, da varanda dos paços do concelho, a 4ª república, a das bananas da madeira.
Mas não é um pequeno percalço que me trava. Continuo a fazer magias e das boas!!!
Consigo convencer as pessoas que o que digo é mesmo importante. Tenho uns gajos a fazerem recortes de jornais para eu ler nos comentários que faço, ele é política, ele é bola, ele é vida social, encharco os jornais e a televisão das maiores banalidades, veja lá até eu sei que são banalidades, mas ninguém percebe porque apronto um ar muito sério, a bancar ao inteligente e escutam-me como se estivesse a dizer grandes coisas. Sem dizer nada de sustância e sem pagar um tusto faço grande propaganda a mim próprio nas melhores páginas dos jornais e nos melhores horários da televisão.
Diga lá se isto não é magia!!!
Magia também extraordinária é ainda outra. Olhe lá para o meu alçado principal!! Vê alguma coisa de jeito? Eu também não! mas com a ajuda de uns amigalhaços jornalistas do social e mais uns tantos especialistas do marquetingue que pago nem sei como, fabriquei a imagem de ser irresistível para as mulheres e elas acreditam. Todas as manhãs quando olho para o espelho até me apetece desistir, mas lembro-me dos meus melhores mestres dates carnegies e grito que nem um tarzan: glória aos feios! és o maior!. Treino um ar matador xupa-kabras enquanto ponho gel no cabelo e dá mesmo resultado neste Portugal de telenovelas, bigs brothers, operações triunfo, ídolos, perfeitamente anormais, drs freudes e misteres hydes, casos moderna, estádios de futebol e portas etecetera e tal. A chico esperteza é que dá lugares, dividendos e votos, o resto é paisagem.
Acredite em mim que estou a abrir caminho para ser presidente da república com todas estas malas-artes. Arquitecto Mandrake para magia tem de se haver comigo.
--Presidente Houdini passe para cá, só pró estudo prévio, 200 milenas sem magias e vou já para Los Angeles amarrotar papel maché e vai ver a obra que daqui vai sair. Um deslumbramento digno de si e das santanetas.
--Ó homem por quem é! Julga que as alterações e as suspensões que ando a tentar fazer ao PDM, desde o princípio do meu mandato, são para quê? As magias são para os outros, está a perceber!!!